domingo, 19 de dezembro de 2010

Priscilinha! missionária, conselheira, psicóloga, tradutora...

Saudações amados,

Beira é uma cidade com linda vista para o Indico e estar perto do mar faz com que meus dias sejam melhores. O por-do-sol moçambicano é maravilhoso e não me canso de contemplá-lo. A cidade e eu sofremos muito com falta de energia e agua. Ultimamente a falta de agua é constante e já me acostumei a não ter água nas torneiras. A internet nem sempre funciona, mas o calor tem diminuido um pouquinho com a chegada do periodo das chuvas. Dia treze viajo para um retiro na Africa do Sul e só volto para Machanga em Janeiro. Sendo esta minha ultima cartinha do ano, desejo-lhes um natal abencoado e um ano novo repleto de FE. Continuem orando por mim queridos.

Ok. Apos quatro meses de aventura e aprendizagem aqui estou. Dezembro chegou e com ele as chuvas. A temperatura ficou mais amena para minha alegria, mas é triste ver e saber que muitas ruas e casas estão alagadas. O acesso em muitas vilas Moçambicanas é bem dificil sem chuva, com a chegada das aguas, torna-se impossivel e muitos armazenam alimentos por dois ou tres meses.

Pensando nisso e na mudança de estações paro para pensar no que estamos guardando para o ano que vem. O que estamos estocando, quais serão as necessidades, qual pão alimentará o nosso espírito? O natal chegou, as pessoas animam-se, eu sinto saudades de casa, da familia, das pessoas que mais amo.

Estou ha mais de um mês em Beira já que as meninas estão em férias escolares. Não estou trabalhando para o que vim durante este tempo, mas isso não é ruim. Aprendi a servir onde ha necessidade, independentemente dos meus planos, Deus tem os Dele e eu estou mais do que pronta a atender. Apesar de vir com o proposito de ensinar e ajudar jovens moçambicanas, estes meses tive o desafio de estar e participar da vida de crianças brancas. Minha vida em Beira é cercada de estrangeiros, principalmente familias missionarias americanas e inglesas. Lembrando que o chamado missionario não passa de pai para filho, os filhos passam por muitas frustrações. Este mes tive que "trabalhar" com o aconselhamento de uma menina de 11 anos cujos pais estao divorciados ha dois anos. Ela estava passando por momentos dificeis e como o pai está servindo em Bangladesh, a mãe em Moçambique e a irmã mais velha voltará para os Estados Unidos ano que vem, ela simplesmente não estava conseguindo conter as emoções e dia apos dia ela ficava cada vez mais triste e fazia com que a mãe sofresse também. Pscicologa infantil Priscilinha conversou com ela sobre o assunto e ela já está bem melhor, a mãe respira aliviada. Como atividade terapeutica eu a incentivei a transformar os sentimentos em musica e ela superou as minhas expectativas. No dia seguinte ja havia escrito uma canção: "Divirta-se", que fez questão de filmar e mandar para o pai, a proxima: "O adore". Quando eu sugeri tal atividade, achei que ela fosse escrever sobre a familia, os problemas, mas ao inves disto transformou a musica em diversão e adoração. Este foi só um dos muitos "trabalhinhos" realizados. Tambem estou aconselhando a mãe e tudo está correndo bem na medida do possivel. Fora de Machanga trabalho no escritorio da MCC e geralmente faço traduções, relatórios financeiros e outros do tipo.

As mangueiras estão por toda a parte e as mangas são vendidas em cada esquina. Uma mais saborosa que a outra. Minha fruta preferida, só estou tomando cuidado para não enjoar e como já ganhei vários quilos extras estou tentando manerar. Lichias, papayas, abacaxis e bananas tambem fazem parte do delicioso pomar chamado Mocambique.

Mas, voltando as mudanças climáticas, percebi que nesta epoca ha chuvas no pais inteiro. As chuvas trazem a esperanca da colheita farta, campos verdes, arvores carregadas, comida na mesa, agua. Agua a fonte de vida, a necessidade humana. Poços secam um pouco antes da chegada das chuvas e quando elas chegam significam bênçãos, ainda que no meio do caminho tempestades assolem a muitos. Assim como Moçambique, também foi a vida dos trabalhadores da MCC nos meses passados. A seca se apresentou a nós em forma de enfermidades, roubos, problemas psicologicos e muitos outros. Um de nossos trabalhadores sofreu um grande ataque em casa, vitima de um assalto e ao tentar protejer a familia foi brutalmente agredido. Por um milagre divino ele sozinho conseguiu segurar a porta da casa quando quase vinte homens tentavam entrar. Mesmo assim o conseguiram acertar atravez da porta, hoje ele está em Zimbabue onde já passou por uma operação na mão direita e espera por uma cirurgia muito complicada na cabeça. A filha de um casal teve uma infecção muito forte e como Moçambique não tem assistência medica adequada ou suficiente eles voaram para Africa do Sul para cuidados medicos. Uma jovem sofreu assedio sexual na propria casa onde estava hospedada, passou por varios exames e tratamento psicologico. Pequenos acidentes de carros, alguns acidentes caseiros, tornozelos fraturados e o roubo de uma moto fecham a estação de seca da qual passamos. Com a chegada das chuvas chegam tambem a nossa esperanca e fé de dias melhores, um novo ano, novos pastos verdinhos, muitos frutos para serem colhidos e dias para serem aproveitados segundo a benevolencia do Altissimo. As tempestades lavam as ruas, e tambem todas as nossas ansiedades e feridas que ficaram pelo caminho. O que eu aprendi com a chuva? Deus me mostrou que sou a prova d'agua.

Graça e paz,

Priscila Santana – 10 de dezembro de 2010

Orem pelo nosso trabalho em Moçambique

Priscila é membro da Igreja Evangélica Menonita de Interlagos em São Paulo e está em Moçambique no Programa da Rede de intercâmbios de jovens Anabatistas Menonitas do MCC Comitê Central Menonita e está servindo em Machanga, na Província de Sofala.

Se quiser escrever pra ela: priscilinha_sant@hotmail.com

 
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