Amados irmãos da Igreja brasileira, saudações de graça e paz.
No último dia 04/10 o Pr. Paulo Campos, juntamente com a família missionária Buffi embarcaram para Moçambique/AFRICA.
Abaixo está um relato desses dias que eles ali estão. Leia com carinho e atenção cada palavra e coloque o seu coração nesta obra.
Deus está no controle de todas as coisas, nossos amados irmãos estão precisando que nós continuemos a nos colocar na brecha em favor deles.
Pedimos que com carinho, leia e interceda pelos irmãos que estão em Moçambique. Algo que me chama a atenção é o pedido do Pr. Paulo para que enviemos Bíblias para os nossos amados irmãos. Se você se sentir tocado, entre em contato conosco e lhe informaremos como proceder para enviar as bíblias.
Nós da JMMI temos muitos livretos "O Mensageiro" para ser enviados para Moçambique, estamos sem os recursos para fazê-lo, então caso deseje ajudar, estamos a disposição para informar como fazer.
Abraços fraternos.
Que Deus continue a te abençoar.
Em Cristo Jesus e por amor à Sua obra,
Pr. Thiago Ferreira
Presidente da Junta Menonita de Missões Internacionais
Vitórias em meio a muitas provações – parte 1
Olá amados irmãos. Que a preciosa graça do Senhor Jesus Cristo esteja em cada um de vocês.
“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo...” Efésios 6: 10,11.
Deus tem feito grandes coisas desde que chegamos aqui. Encontramos os irmãos com uma grande expectativa com nossa chegada. Alguns não conseguiram esperar o domingo para nos encontrar, vieram até “nossa” casa para nos ver e se colocaram à disposição.
Domingo pela manhã a igreja Menonita de Gondola estava cheia, ornamentada com flor de maravilha roxa, o melhor que na simplicidade eles puderam fazer. O culto foi muito festivo, o missionário pregou, eu passei vídeos do projeto de Moçambique, a Tânia cantou com as crianças enquanto Jefferson pregava com tradução simultânea para o dialeto “mateue”. Crianças se apresentaram com cânticos e danças, os jovens também. Por fim uma cena muito comovente. Toda igreja cantou: Parabéns nossos missionários chegaram, parabéns nossos missionários chegaram e um por um a começar das “mamas” (mamães) jovens e crianças faziam filas para nos cumprimentar com muito carinho, em seguida os homens fizeram o mesmo. Depois comemos juntos.
No outro sábado fomos de manhã para Mbia-Bongue, uns 30 km de Gondola, para a capela do Pr. Paulo Armando Jacinau. Estava um dia frio, nublado e garoa. A igreja (capela de palhas e lasca de bambu) no alto da montanha deixava passar o ar frio pelas gretas impossíveis de fechá-las. Dentro, os “bancos” eram bambus atravessados para sentar. O chão de terra batida e por cima no telhado um punhado de capim que serve para cobertura quando não chove.
A igreja ficou cheia, achávamos nós que eram membros daquela igreja, mas ficamos sabendo que a maioria eram visitas. Cantaram animadamente! Depois de dar as boas vindas ao presidente da diretoria nacional Pr. Santos Cebola; ao vice-presidente e Pr. da igreja de Mbia-Bongue Paulo Jacinau e esposa, cantaram novamente: Parabéns, os missionários chegaram,... E nos cumprimentaram com muito carinho.
Preguei nesta capela, sobre Cristo e a cultura e que em Cristo todos somos iguais. Muitos aplaudiram e gritavam porque eles queriam se libertar desta cultura de escravidão especialmente as mulheres, falei sobre poligamia, sobre o machismo, sobre dividir as cargas do serviço etc. Ninguém ficou zangado com isto, pelo contrário os homens começaram a ajudar suas esposas, vimos isto logo que voltávamos no caminho para Gondola. Oramos por cura, pessoas com tumores, erisipela, sarna que cobria as cabeças das crianças, cegueira etc. Ah meu Deus quanta dor! Isto sem falar da fome... Olhávamos para aquelas cabeças cobertas de sarna e ficávamos reticentes, colocar as mãos ou não. Eu resolvi que iria fazer como o Senhor Jesus fez com aquele leproso, toquei naquelas doenças e os abençoamos com cura.
Durante a mensagem vi que um adolescente de uns 15 para 16 anos não tirava os olhos de mim na pregação, ele estava ali pela primeira vez. Quando fiz apelo, duas pessoas aceitaram a Jesus, ele foi uma delas, veio à frente, era visível a alegria. Há tempos não via isto em conversões. Ali mesmo orei por ele que foi sentar-se e continuou me olhando firme agora com olhos brilhantes.
Na hora de compartilhar a refeição na igreja, veio antes uma irmã com uma bacia pequena, um jarro de plástico, para lavarmos as mãos, depois a toalha que estava pendurada no seu braço era dado para enxugar as mãos. Assim eles recebem as visitas para comer. Eu primeiramente depois os demais. Comemos shima com arroz e sardinha ensopada com molho caril. Eu quis comer com as maos, assim como eles estavam fazendo.
No dia 16 quando tivemos a reunião da diretoria nacional, os irmãos afirmaram que há muito esperavam um casal missionário para ensiná-los a palavra assim como irmã Adriane estava fazendo. Em todas as igrejas foi mencionado o nome dela como alguém que os amou e ensinou.
No domingo de manhã um culto lindo, a igreja estava lotada, muito louvor, preguei sobre a importância da igreja na vida do cristão: Local de cultuar a Deus como comunidade, Lugar de ouvir a palavra de Deus, Lugar de compartilhar experiências (testemunhos), local da comunhão e fortalecimento. Era claro a alegria de todos pela vinda dos missionários. Tivemos uma agradável surpresa quando o presidente depois de terminado o culto, passou para a assembléia, nunca vi isto, nem as crianças quiseram sair, todos estavam ali para aquele momento importante. Eles iam escolher o pastor de Igreja Evangélica Menonita de Gôndola – três candidatos. Votaram direitinho, voto secreto. Pr. Manuel Chafa, foi eleito com mais de 60% dos votos. Em seguida ele foi chamado para frente da igreja e ajoelhando-se na terra dura recebeu a unção e bênção do Presidente Pr. Santos Cebola. Uma oração de poder e de vitória. A igreja toda em pé louvava a Deus de todas as maneiras possíveis. O jovem Pr. Manuel não tinha palavras. Em seguida no meio de muitos louvores, cada um foi abraçar o novo pastor. As mulheres abrem exceção somente nesta hora do cerimonial. Elas o beijaram em cada lado de sua face, descobri que era um sinal do maior respeito. Terminado o culto e assembléia, comemos juntos novamente.
Na segunda feira, quando fomos para Chimoio para ver a questão do DIRE, como eu tinha prometido o devocional “O Mensageiro” para o guarda da companhia de eletricidade paramos o carro e chamamos o Sr. João que ficou muito interessado na Igreja Menonita. Dei-lhe o livreto como havia prometido, com endereço da igreja, enquanto isto outras pessoas que passavam na rua de terra e poeira, viram e chegaram perto, um, dois, três, quatro, cinco, perdi a conta, todos queriam aquele livrinho, mas acabou. Vejam bem com eles tem sede de Jesus!
Assim tem sido os desafios, irmãos. Pastores perguntando: Onde estão as bíblias? Minha igreja ninguém tem bíblia e muitos sabem ler o português, então dei uns 30 livretos do “O Mensageiro” para cada pastor, pois não consegui trazer mais na bagagem que já tinha passado do peso.
Por favor, precisamos de bíblias. Vamos fazer de tudo, pois eles têm sede da palavra. Vamos dar um jeito de arranjar recursos para comprarmos material para as crianças, precisam de tudo que possam imaginar numa escola dominical. E, são muitos. Precisamos agir com rapidez! Não há tempo para ficar pensando! Vamos enviar estas bíblias, já temos a caixa postal. Custe o que custar, precisamos enviar todo este material.
Ainda vou visitar mais duas igrejas nesta semana. Vou viajar de carro umas 7 horas e com certeza ali também veremos as mesmas necessidades.
Amados, tenham paciência, por que escrevi tudo isto com detalhes, AQUI ESTÃO A PARTE DAS VITÓRIAS, agora vocês vão ler sobre AS PROVAÇOES E RETALIAÇOES que estamos sofrendo desde que chegamos todos os dias. Ontem foi a pior delas. Abateu-nos muito, embora hoje estejamos nos refazendo.
Obrigado por terem lido até aqui. O Senhor esteja com todos. No amor de Jesus,
Paulo Campos
Vitórias em meio a muitas provações – parte 2
Estamos aqui há uns 15 dias mais ou menos. Não teve um dia que não tivemos problemas. No primeiro dia tivemos um pequeno acidente com o carro ainda em Chimoio. Num cruzamento perigoso, avenida larga de mão dupla sem farol para piorar, uma senhora me viu atravessando, mas tendo tempo de parar não o fez. Amassou bem o carro do meu lado de maneira que eu não podia sair daquele lado. Ameaçou chamar a policia, mas não o fez e demos graças a Deus porque aqui sendo mão esquerda, aceitando carta do Brasil eu tinha apenas um dia dirigindo e talvez tivesse problemas. Lá foi ela embora sem pagar um centavo do concerto.
No outro dia muitas coisas para fazer numa casa há quase 5 meses sem uso. Torneiras vazando, entupidas, sem tanque para lavar roupas, água que saia das torneiras não se podia beber, todas enferrujadas, até ai tudo normal para uma casa sem conservação.
Consertava uma coisa, quebrava outra e assim foi até ontem e ainda tenho que fazer mais alguns consertos.
Um dia destes deu um vendaval a noite inteira, ficamos apreensivos, pois a cobertura do carro que é feita de bambus e pedaços de galhos, coberta com galhos mais compridos e mistura de palha, com plástico, nesta altura tudo ressecado e vazando por todo lado quando chove. Pois o que eu temia aconteceu. De manhã já cessado o vento a maior parte disto que se chama garagem estava no chão. Graças a Deus que não aconteceu nada com o carro.
Como a casa não tem muro e sim muretas estilo europeu, Portugal, então o vento teve mais força. Hoje tenho que começar a fazer uma garagem e gastar com madeira, pregos, serrote etc. Sabe só Deus para nos ensinar fazer o que não sabemos. Mas, vou fazer, em nome de Jesus, pois quero deixar tudo em ordem antes de voltar para o Brasil.
No sábado a noite do dia 16 a luz da cozinha queimou, tudo bem amanhã a gente troca. Mas, no domingo de manhã depois da ventania, não tinha energia. Como saímos para igreja e voltamos somente bem à tardinha, e agora será que esta energia não vem? Fui até o vizinho que tocava musica em seu aparelho estéreo, disse: Sei que vou fazer pergunta boba, pois seu som está tocando, na sua casa tem energia, tem sim disse ele. Mas, aqui na nossa não tem e é a mesma rede. Prontamente ele chamou seu irmão que entendia um pouco desta parte. Ele verificou tudo, na casa não tinha nada errado. Somente a nossa casa em toda rua não tinha energia. Nesta altura já estávamos no escuro e não poderíamos se quer tomar banho. Ele confirmou que o problema era no poste da rua, devíamos no outro dia estar as 7:30 na companhia para pedir o serviço. Fomos comer com luz de velas e depois dormir sem banho, não tínhamos animo nem para esquentar água. O dia foi muito desgastante.
No outro dia a companhia chegou e consertou o problema e a luz voltou. Creiam o vento tinha queimado o transistor no poste. Deu vento em todo lugar, somente o poste de nossa casa queimou.
Internet: ficamos muitos dias sem conseguir escrever nada, pois o técnico teve que voltar uns 4 dias para deixar em ordem. Depois do vendaval o telefone pifou também. Até hoje não sabemos o que fazer o técnico está aqui agora dizendo que o aparelho queimou, só para trocar a entrada do telefone precisa trocar o modem inteiro isto custa mais ou menos 800 meticais (cerca de 22 dólares). Haja paciência e dinheiro.
Falando um pouco sobre alimentação: Aqui não tem quase nada em Gondola, temos que ir a Chimoio, o custo de vida é caro. Carne tem, mas não dá pra comprar, nem de frango, é mais cara ainda. Todos os derivados também. Temos comido todos os dias, somente arroz, feijão e saladas, nem peixe. Não podemos beber água temos que comprar, agora estamos arriscando a tomar água do fontanaro, parece que é boa.
O carro estava totalmente abandonado. Fiquei uns três ou quatro dias consertando tudo, até o radiador deu para melhorar o rendimento, pois estava fervendo tendo que parar a toda hora. Todos os vidros elétricos estavam emperrados ou deslocados dos trilhos para levantar, alguns não fechavam. Hoje está tudo em ordem.
Muito serviço com limpeza do quintal, matos, etc. para evitar bichos etc. Estou fazendo uma horta para os missionários.
Bem, agora a prova mais dura... como as igrejas nestes dias estão tendo um avivamento e os lideres estão estimulados, com curas de crianças com ulceras, sarnas, erisipela, etc. o povo recebendo os devocionais do “O Mensageiro” e pedindo mais. Outros dizendo onde é esta igreja?
O inimigo está retaliando, mas ontem foi a gota d’ água.
O inimigo sabe que ninguém conseguiu um DIRE tão rapidamente como os missionários estão conseguindo e que nesta semana ele saia, ele pegou pesado. Queremos que saibam que o dever de pagar o DIRE é da Junta de Missões, mas os missionários Jefferson e Tânia venderam seu carro para pagar. Fica em torno de 1.980 dólares. Fomos trocá-los por meticais com a mesma pessoa de confiança, na rua mesmo, pois é um cambio melhor. Fizemos isto por várias vezes e não tivemos problemas. Desta vez o valor era grande. Um moçambicano sempre está conosco para evitar roubo na hora de contar o dinheiro. Para resumir, fomos ludibriados! A missionária Tânia é uma mulher esperta, viva, pensa rápido, eu também e Pr. Manuel Chafa fez o que pôde, naquele momento ele estava com fome como todos nós. Não fomos ludibriados em nenhuma vez. Mas parece que nossos olhos, raciocínio foram anulados, por Deus ou pelo inimigo. Fomos conferir o dinheiro quando chegamos em casa. Estava faltando mais de 600 dólares.
Logicamente depois de tantas provações todos os dias, ficamos abatidos, sem entender o que aconteceu. Como fazer agora? Notem que o DIRE é permissão para permanência no País. O que o inimigo fez? Quis truncar o visto que poderá sair amanhã ou pelo menos dar entrada na migração quando se deve pagar os 1.980 dólares.
É muito bom saber que aí do outro lado muitos estão segurando as cordas enquanto vamos descendo. Vamos continuar descendo, não vamos nos deter diante dos primeiros obstáculos.
Ontem com certeza ficamos abalados!
Ainda que Deus tenha permitido este prejuízo, Ele quis com esta situação, ver como nossos missionários e eu reagimos diante de dificuldades, diante de provações.
Quando Paulo fala que todas as coisas cooperam para o bem, devemos entender que as coisas ruins, perigosas, difíceis, fazem parte deste pacote.
Só vamos tirar proveito se tivermos uma reação positiva diante delas. É isto que vou passar pra eles, e também aprender um pouco mais pra minha vida.
Hoje é um novo dia, levantamos com disposição, sabendo que na tribulação o Senhor está conosco. O dia está lindo!
Orem por nós!
Fiquem na paz.
Paulo Campos – Gondola – Moçambique
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