segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Notícias de Moçambique VI - "Brasil em Moçambique?"

BRASIL EM MOÇAMBIQUE?

Numa linda noite de céu estrelado, os muzungos, pisando com cuidado na calçada escura que dá entrada ao Hotel Prince, chegam para encontrar com uma comitiva brasileira que viera para Moçambique.

Na primeira vista vêem uns missionários e pastores folgados se deliciando nas águas tépidas de uma piscina. Amados, estes irmãos queridos não estão fazendo turismo! Eles tiveram um longo e extenuante dia, dando seminários aos lideres moçambicanos. Naquele momento impar e terapêutico, eles deixavam nas águas da pequena piscina, todo cansaço do dia de trabalho.

Aqueles pastores e missionários que vieram para ficar iriam dormir muito pouco naquela noite, pois no outro dia sairiam em dois grupos às quatro horas da manhã, para enfrentar seis horas de barco para chegar à ilha de Machanga.

Pr. Anézio Massuia falando com voz alta de dentro da piscina diz: Irmãos vamos jantar, façam seus pedidos com antecedência porque aqui a “coisa demora” pra chegar à mesa. Estão vendo aquele galpão coberto? Lá tem uma mesa que reservei para mais de vinte brasileiros.

Depois de sair da piscina notei que a bermuda do Pr. Anézio era maior do que acostumava usar. Logo alguém me explicou que um irmão com peso e altura considerável havia emprestado sua bermuda para o esguio líder se refrescar um pouco. Porém, devia tomar cuidado para não fazer movimentos bruscos, se não o imprevisto poderia ser visto!!!!

Imaginem uma grande mesa cheia de brasileiros: de Ribeirão Preto, Brodowisk, Santa Bárbara do Oeste, Nova Odessa e outros lugares. Ali graças a Deus, ninguém falou de denominação, nem de “minha igreja”, nem de conversa chata de pastor perguntando quantos membros tem na sua igreja. O assunto predominante era a obra missionária.

Assentados à mesa “invadida” por brasileiros, tinham um rebanho e um só pastor: Jesus.

Pr. Anézio (o brancão) de barbas brancas serrada, com a gentileza que lhe é peculiar, apresenta cada irmão; nome por nome. Depois disto sem querermos fazer grupos, cada um com muita expectativa ardendo no coração, conta aos que estavam mais próximos o que viera fazer em Moçambique. Conversa vai, conversa vem, e: cadê o frango a zambeziana, o frango grelhado, a galinha ao molho, cadê?

Os assuntos desafiantes vão dando lugar ao silêncio, deixando claro que o estomago reclamava alto por comida, urgente, pois havia passado mais de uma hora e meia quando fizeram o pedido.

”Pr. Paulo Campos”, do meio da mesa apinhada de brasileiros, grita o pastor Anézio! “Faça uma oração de agradecimento pelo nosso encontro e também pelo alimento que vamos comer”. Assim que terminei a brevíssima oração, começaram a tilintar garfos cortando tudo que tinha no prato.

Pra ficar mais “nice” a luz foi apagada e sob luz de lanternas devorávamos a comida. Sob luz de lanterna, amados, porque a energia tinha acabado, coisa comum nesta terra dos irmãos moçambicanos. Aí sim, a bagunça estava organizada. Agora mais à vontade nos interagíamos com mais facilidade:

“Gente vira a lanterna pra cá, não consigo enxergar o frango pra cortar”, outro dizia: “Por favor, irmão, segure a lanterna de meu celular porque posso errar a boca, vai que eu enfie a comida no nariz!”. E assim o Brasil em Moçambique teve uma linda noite de confraternização.

Já que a luz não voltava mesmo, pois o hotel não renovara seu pedido de energia, o “negócio” foi terminar o encontro com as palavras de ordem do Pr. Anézio para as duas equipes que no outro dia partiriam as quatro da matina.

Depois de nos abraçarmos, despedimo-nos de cada um desejando um bom trabalho missionário nestes dias que iriam ficar nesta terra hospitaleira de Moçambique.

Tateando nas trevas com muito custo e barriga cheia, conseguimos chegar onde estava nosso carro (da missão) e voltarmos para o MCC, lugar onde estávamos muito bem hospedados.

Já deitado em minha cama, minha mente insistia em fazer-me perguntas em hora inadequada. O Senhor queria falar comigo! Porque tantos brasileiros estão vindo para Moçambique? Tá certo que tem brasileiros em todos os cantos do mundo, aleluias, glória a Deus!

Porque a maioria está vindo para esta terra, insistia a pergunta! Já quase chegando o sono, o Senhor respondeu suavemente: Meu plano é fazer desta nação, um povo escolhido para ganhar a África para o Senhor Jesus.

Ao som do coaxar de dois sapos cururus bem grandes que cantavam alternadamente lá embaixo do prédio de uns quatro andares, fui pegando no sono! Silêncio, zisssssssssssss......

Paulo Campos


 
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